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para o novo mercado e lutar contra o velho monopólio das corporações.
Estas, com suas numerosas regras e regulamentos, estavam fora de moda,
fora do tempo, e impediam o desenvolvimento da indústria. Tinham 'de ser
derrubadas, e o foram.
Não de uma só vez, nem às claras. (As corporações só foram abolidas
legalmente na França depois da Revolução; na Inglaterra, somente em
princípios do século XIX perderam seus privilégios.) Os intermediários
freqüentemente trabalhavam dentro da estrutura do sistema de corporações,
aceitando-o aparentemente, mas na realidade procurando miná-lo. Por vezes,
os mestres ricos de uma corporação tornavam-se empregados de outros
mestres, em outras corporações; outras, uma corporação de determinada
indústria gradualmente assumia as funções de mercador e encomendava
artigos às outras corporações da mesma indústria. Desaparecera a antiga
igualdade entre os mestres, que fora fundamental para o sistema.
Sempre que necessário, o intermediário contornava os regulamentos e regras
colocando sua indústria fora da jurisdição da corporação, fora das cidades,
nos distritos rurais, onde o trabalho podia ser executado pelos métodos que
melhor lhe conviessem, sem preocupações de restrições das corporações
quanto aos salários, números de aprendizes etc. Foi assim que Ambrose
Crowley, ferrageiro de Greenwich, Inglaterra, mudou-se para Durham e ali
organizou a produção em grande escala de artigos de ferro, pelo sistema
doméstico. No que fora antes uma pequena aldeia, Crowley plantou uma
florescente cidade industrial de 1.500 habitantes, e organizou nela a
fabricação de pregos, fechaduras, ferrolhos, talhadeiras, pás e outras
ferramentas de aço. As casas, ao que tudo indica, eram de propriedade de
Crowley, sendo os instrumentos e materiais entregues por ele aos
trabalhadores, depois que estes depositassem 'um bônus de considerável
importância'. Esse depósito dava direito de manter uma oficina e ser mestre
operário, trabalhando com sua própria família e empregando um ou dois
jornaleiros e um aprendiz. O local de trabalho era a oficina do mestre, que
recebia por tarefa executada.
Feito cavaleiro em 1706, Sir Ambrose Crowley mais tarde tornou-se membro
do Parlamento, representando Andover, e nessa época já possuía uma fortuna
de 200.000 libras." É evidente que os membros das corporações opuseram-
se a essa modificação orgânica da indústria. Tentaram conservar seus velhos
monopólios. Mas os dias áureos das corporações haviam-se acabado.
Travavam uma batalha perdida. A expansão do mercado tornara antiquado
seu sistema, incapaz de competir com a crescente procura de mercadorias.
"Numa reclamação datada de 4 de fevereiro de 1646, eram feitas objeções ao
crescimento da indústria de fitas fora dos limites da cidade.
Os responsáveis por essa indústria replicaram que a situação se havia
modificado totalmente desde 1612. O comercio aumentara muito... ... o
numero de sócios das corporações era muito pequeno para fornecer até
mesmo a metade da mercadoria necessária ao movimento de um ano."
Os intermediários que se ocupavam da venda de tecidos estavam ansiosos
para acelerar a produção porque, durante muito tempo, os tecidos
constituíam a principal exportação européia para o Oriente. Um número
cada vez maior de empregados era necessário para atender à crescente
procura, e por isso tais intermediários levavam sua matéria-prima não
apenas aos membros das corporações que, nas cidades, estavam dispostos a
trabalhar para eles, mas também para os homens, mulheres e crianças das
aldeias.
Para os camponeses que haviam sido prejudicados com o fechamento de
terras, essa difusão da indústria pelo campo foi uma oportunidade de
aumentar de alguns xelins a sua reduzida renda. Muitos, que de outra forma
teriam deixado a aldeia, puderam permanecer nela porque o mercador lhes
trazia trabalho. Daniel Defoe, que os leitores conhecem como autor de
Robinson Crusoé, escreveu outro livro famoso, em 1724, denominado A
Tour Through Great Britain. Descreve alguns desses aldeões empenhados na
execução das tarefas que lhes haviam sido confiadas pelo intermediário.
"Entre as residências dos patrões estão espalhadas, em grande número,
cabanas ou pequenas moradias, nas quais residem os trabalhadores
empregados, cujas mulheres e filhos estão sempre ocupados, cardando,
fiando etc., de forma que, não havendo desempregados, todos podem ganhar
seu pão, desde o mais novo ao mais velho. Quase todos os que têm mais de
quatro anos ganham o bastante para si. É por isso que vemos tão pouca
gente nas ruas; mas se batemos a qualquer porta, vemos uma casa cheia de
pessoas ocupadas, algumas mexendo com fintas, outras dobrando a fazenda,
outras no tear todas trabalhando, empregadas pelo fabricante e
aparentemente tendo bastante o que fazer ...
E tal como Crowley, o negociante cm artigos de ferro, enriqueceu
fornecendo com êxito, para o mercado em crescimento, os artigos
procurados, também os industriais dos tecidos enriqueceram. Defoe informa
ainda a seus leitores:
"Disseram-me em Bradford que não era difícil haver fabricantes de tecidos
naquela região com dez mil a quarenta mil libras cada, e muitas das grandes
famílias tiveram sua origem e evoluíram graças a essa nobre indústria E
em Newbery conta-se que o famoso Jack de Newbery era um industrial tão
grande quando o Rei Jaime encontrou seus vagões carregados de tecidos
indo para Londres, e soube de quem eram, disse - se a história é verdadeira -
que esse Jack de Newbery era mais rico do que ele Rei .
Esse famoso Jack de Newbury era uma figura importante porque, ao
contrário dos outros, que levavam matéria-prima para os artesãos
trabalharem em suas casas, ergueu um edifício próprio, com mais de 200
teares, e no qual cerca de 600 homens, mulheres e crianças trabalhavam. Isso
ocorreu em princípios do século XVI. Foi ele o precursor do sistema de
fábricas que surgiria três séculos mais tarde.
Newbury e os intermediários que levavam a matéria-prima para os artesãos
trabalharem em suas próprias casas eram capitalistas. A eles pertencia o
tecido; vendiam-no no mercado e guardavam os lucros. O mestre artesão e
os jornaleiros por ele empregados eram assalariados. Trabalhavam em suas
casas; dispunham de seu tempo. Eram os donos das ferramentas (embora
isso nem sempre ocorresse). Mas já não eram independentes - não tinham a
matéria-prima, que lhes era trazida pelos intermediários, pelos industriais
(também havia exceções - alguns mestres faziam sua própria matéria-prima).
Eram apenas trabalhadores tarefeiros, que não negociavam diretamente com
o consumidor. Essa função lhes havia sido tomada pelos capitalistas
industriais; estavam reduzidos apenas a manufatores, no sentido preciso da
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